PRIMEIRA VEZ LENDO STARS CHRONICLES?
sim?
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sábado, 3 de maio de 2014

CAPITULO 13 #scfinale

13 ECLIPSE

Chloe se jogou do chão para a nave pulando e entrando desesperadamente. Seus movimentos estavam rápidos, adrenalina correndo em suas veias e seus olhos arregalados. O medo estava visível.
Brandon quis pilotar, porém Chloe pisou no acelerador antes mesmo de sentar no banco. A nave flutuou por um momento e partiu em disparada. Dei sorte que corri um pouco rápido e consegui entrar, porque duvido muito que Chloe iria me esperar.
– Chloe – alertou Brandon e ela gritou um cala a boca e ele ficou paralisado.
Sentei-me no canto que estava quando fui salvo pelos dois em Plutão e esperei a viagem acabar. O tempo passava devagar. Eu tentava entender o que Chloe estava sentindo, não sabia se era agonia, angústia, raiva, ódio, irritação, mas algo muito forte estava pairado sobre ela. Eu também estava com sensações estranhas, agora, Sky estava em perigo e estava se mostrando vulnerável para toda a galáxia, porém no fundo do meu coração, eu sabia que parte disso era minha culpa. Eu sabia.
Chloe batia os pés na estrutura de metal da nave com raiva e balançava as pernas.
– Brandon, tem água aqui? – perguntei e percebi que não havia bebido água nenhuma vez desde que pisei na Lua. Era estranho. Eu não sentia mais sede de beber água, de verdade, porém eu sentia que eu deveria beber.
– Tem uns recipientes ali no canto – ele respondeu e voltou a olhar para Chloe pilotando. Ele parecia aflito, como se não confiasse a ela sua nave.
– Chloe – disse Brandon mais uma vez e ela ignorou-o.
Levantei e fui até o final da nave. Havia um compartimento lateral, puxei e vi litros de água. Litros e mais litros de água gelada. Abri uma garrafa e bebi. O líquido desceu pela minha garganta e a sensação foi maravilhosa. Beber água na Terra era bom, mas beber água no Universo era melhor ainda.
– Estamos chegando! – anunciou Chloe.
– Chloe... – repetiu Brandon.
– O que é Brandon? – ela perguntou.
– Estamos sem combustível, agora, de verdade.
Chloe acelerou a nave, porém ela soltou barulhos parecidos com um engasgo de bebê em questão de segundos. Nos três nos entreolhamos e percebemos mais uma vez que não ia dar certo.
– Chloe, a Lua é seu território! – eu gritei antes da nave parar completamente no vácuo.
Ela me olhou e achei que ela tinha entendido o que eu tinha dito, mas não. Ela continuou me encarando e subitamente, a nave desceu como descemos para a Terra na banheira.
Fomos jogados para o teto da nave rapidamente. Bati minhas costas em uma estrutura de metal que doeu a coluna e comecei a gritar. Brandon se agarrava no banco do piloto e Chloe gritava, berrava e se debatia.
Seu rosto estava multicolorido, passando de vermelho para roxo, depois uma espécie de azul amarelado. Ela deu um grito final que arrepiou minha nuca, poderia ser muito bem alguém prestes a morrer gritando de agonia, mas era só Chloe.
Senti uma pressão e a nave foi jogada para cima novamente como uma bola de pingue pongue. Fui jogado para baixo e cai no chão esticado. Chloe ainda gritava do nosso lado.
– Chloe! – berrei – calma, iremos conseguir! – tentei acalmá-la.
Ela revirava os olhos. Fechava e abria os punhos e batia-os no chão. Os dentes dela colidiam uns com os outros enquanto ela gritava entre os dentes. Ela estava fazendo algo muito diferente, algo que nunca tinha a visto fazer.
– Peter – chamou Brandon apontando para a janela.
Na pequena janela lateral da nave vi água. Água na forma líquida, balançando e borbulhando. Achei por um momento que estávamos submersos, mas não, não estávamos. Corri para a janela maior da frente da nave e vi mais água sustentando e nos elevando para a Lua. Havia um rasto enorme de água vindo da Terra, como uma enorme cachoeira espacial. Chloe estava sustentando a nave com sua força das marés.
Arrepiei-me com o poder que Chloe possuía. Eu a havia subestimado totalmente. Ela ainda gritava, porém agora estávamos mais próximos da Lua.
– Vamos Chloe! – gritei em apoio.
Brandon me encarou com uma expressão de desaprovação. Eu precisava passar o sentimento para ela que eu acreditava no que ela estava fazendo. Eu precisava fazer com que ela pegasse minha empolgação e transformasse isso em energia ou em poder para nos ajudar. Ela merecia isso.
– Só mais um pouco! Mais um pouco!
A nave subia rapidamente agora. Os berros de Chloe estavam sendo abafados por longas e ofegantes respirações. Eu batia palmas e a fazia acreditar que era possível.
Ela suavizou a expressão e a Nave caiu.
Olhei pela janela e vi uma grande rocha avermelhada, cor de vinho, bem próxima ao vidro, do outro lado também. Estávamos onde eu e Deimos tínhamos passado nos meus primeiros momentos na Lua.
O barulho agonizante de metal arrastando em pedra me fez por as mãos nos ouvidos. A nave tinha agarrado entre as duas montanhas: Monte Carpatus, lembrei o nome. 
– Chloe – chamei dando tapinhas em seu rosto. Ela abriu os olhos suavemente e piscou várias vezes olhando para mim.
Levantei para ir até a janela novamente para encontrar algum meio de sair da nave, porém Brandon alertou:
– Não se mexa.
Olhei para o chão e vi que quando a nave tinha sido pressionada pelas duas paredes de rocha, a superfície metálica tinha rachado. Uma grande linha cortava a nave em duas separando Chloe e eu de Brandon.
– Brandon – disse franzindo a testa.
Chloe acordou no canto e se mexeu. Virei o corpo e antes de por a mão na boca significando silêncio, a nave partiu do meio e descemos arrastando pelas paredes de rocha.
A linha que dividia a nave rachou completamente e a parte de Brandon ficou solta, descendo mais rápido. Ele gritava desesperadamente, sua expressão de medo era visível. Eu tentava me segurar no chão e Chloe, que tinha acabado de despertar, estava incrédula com a situação.
Lembrei-me da única coisa que poderia nos ajudar no momento: a pulseira. Toquei e pareceu que ela estava lendo meus pensamentos e vendo a nossa situação. A bandeira se ergueu novamente em meu braço e com o susto que tomei, joguei-a para Brandon.
Brandon abaixou-se desviando e a bandeira passou e ultrapassou a estrutura de metal furando a entrada da nave e fincando-se na rocha vermelha. A nave deu uma estancada forte levando Brandon para cima novamente e descendo.
Estávamos na situação mais difícil até agora: nossa nave, Chloe e eu, estávamos por cima da nave de Brandon e debaixo de nós, o mare de silício corria violentamente.
– Brandon, você está bem? – gritei.
– Acho que sim! – ele respondeu – Estou agarrado no banco, a nave está virada em quarenta e cinco graus e uma espécie de água prata está encostando e derretendo o metal.
– É silício! Não toque! – berrou Chloe atrás de mim.
– Se eu tocar, eu vou morrer? – perguntou ele.
– Não seja estúpido – ela respondeu.
– Mas tá quase nos meus pés! – exclamou – Há alguma chance de eu ficar sem pernas ao menos?
– Não é hora de piadinhas Brandon – advertiu Chloe e percebi que ela estava realmente preocupada.
– Vamos te ajudar, Brandon! Espera um momento – decidi procurando um meio de descer para ajuda-lo.
– Não! – ele disse – Vocês precisam ir e salvar Sky!
– Mas você precisa de ajuda – rebati.
– Mas eu não sou importante – a voz dele estava melancólica como se ele tivesse sem esperanças de nada. Olhei para Chloe e ela estava fitando o chão.
– Chloe, devemos...? – disse com a voz sufocada, odiava situações assim onde me faziam escolher entre uma e outra opção.
– Sim – ela me interrompeu. Sua expressão agora era de determinação, ela estava com os olhos fixos para as rochas vermelhas que estavam em nossa frente – Vamos escalar.

Escalar rochas lunares não é o tipo de esporte que ninguém deseja fazer. Sério, por um momento, elas possuem a consistência que você realmente pensa que irá conseguir chegar ao topo, mas por outro momento quando você as segura, acha que está segurando borracha. 
De minuto em minuto, Chloe reclamava sobre alguma coisa. “Eu nunca havia visto a Lua desse jeito”, “Sky deve estar correndo um grande perigo”, “Anda logo, babaca” eram as mais comuns.
Chegamos ao topo arfando, deitei no chão terroso e respirei forte umas vinte vezes, imitando a época que fiz natação no Brasil. Indo para baixo da água, respirando e voltando calmamente. Senti meu corpo todo relaxando, assim como meu coração parando de palpitar.
Chloe estava em pé olhando para o horizonte. Virei o rosto e vi o grande prédio que era a Base, ainda lembrando o pentágono americano, mas não nos seus melhores dias. Talvez lembrasse o pentágono no mesmo dia do ataque terrorista de onze de setembro.
A base estava destruída. Toda a estrutura de metal estava quebrada e jogada pela superfície lunar. Vários corpos jaziam no chão, sacrifícios pelo ataque falso de Caronte. Todas aquelas vidas inocentes tinham sido perdidas por uma pessoa. E ela iria pagar.
Chloe começou a correr descendo o monte. Levantei e vi o quão inclinado era, desci devagar, mas ela descia furiosamente, jurei ouvir gritos de agonia, mas nunca perguntei a ela se aquele momento ela realmente estava fazendo isso.
Pisei em falso e caí rolando pelo monte. Meu corpo doía e cada pedaço de rocha pequeno me furava enquanto eu descia sem coordenação motora nenhuma.
Quando cheguei ao plano e parei de rolar percebi que estava todo arranhado. Meu corpo todo doía e minhas roupas estavam rasgadas. As pedras lunares realmente eram afiadas.
Chloe estava a alguns metros na minha frente checando um corpo.
– Carter! Não! – ela berrava com o rosto no peito do corpo do astro. Ele tinha fisionomia de uma estrela, porém como eu não o conhecia, não disse nada. Mas assenti por dentro, todos os conhecidos de Chloe e habitantes da Lua pareciam estar mortos.
– Chloe – murmurei.
Ela olhou para mim e seus olhos estavam marejados de lágrimas. Seres do Universo podiam chorar e demonstrar sentimentos também? Fiquei pasmo. Senti vontade de abraça-la. Andei pelos corpos, alguns rostos eu reconheci do dia que cheguei à Base, mas outros não. Muitas pessoas viviam aqui e agora não haveria mais ninguém.
– Está todo mundo morto, Peter – ela disse olhando para os meus olhos.
Não soube o que responder. Lidar com mortes realmente não era o meu forte, ninguém na minha família na Terra tinha morrido ainda, porém ao pisar no Universo aquilo tinha se tornado comum, ou queria. Primeiro Haro ao meu lado, meu pai morto há muito tempo e eu acreditando em uma mentira, Austin, e agora todos os habitantes da Lua.
Virei o rosto e voltei a observar a destruição da Base. Meu coração palpitou novamente quando vi uma sombra dentro do local pela janela.
– Chloe! – alertei apontando.
Ela arregalou os olhos e saiu correndo pulando alguns corpos aleatórios. Fui atrás.
Entramos na mesma porta que entrei com Deimos no dia que cheguei à Base.
Estava tudo diferente. O chão ainda continuava a grelha de metal, mas as paredes gritavam explicitamente o horror que tinha acontecido ali: marcas de tiros, amassos e um líquido que jurei ser sangue. 
As luzes brancas no teto estavam piscando como em um filme de terror, algumas estavam explodidas no chão, os cactos de vidro espalhados no corredor. A claridade intensa tinha acabado.
– Apareça! – gritou Chloe pelo corredor e a voz dela ecoou.
Algo fez barulho na Base. Não estávamos sozinhos.
– APAREÇA! – berrou e começou a marchar.
Neste exato momento, o som de uma sirene explodiu nos alto falantes do corredor. As poucas luzes que estavam ainda funcionando trocaram a coloração para um vermelho intenso. 
– Desgraçado! – praguejou Chloe.
Na nossa frente, uma porta de metal desceu pelo teto, e percebi que não era só aquela. O barulho era assustador, várias portas estavam descendo ao mesmo tempo.
Olhei para Chloe e a única opção que nos restava era correr.
Saímos em disparada, passamos por uma porta, duas, três. Meu peito já pedia por mais ar, e tive a certeza que correr na Lua não era algo legal para humanos, só havia corrido uns dez metros e estava suando como se tivesse feito uma maratona inteira.
Ouvi um grito e parei subitamente de correr. Chloe estava no chão e uma porta a prensava no chão de metal.
– Calma – gritei olhando para todos os lados tentando achar algo que pudesse ajudar. As paredes não tinham nada e perto da porta não tinham algo que pudessem fazer a porta parar de descer e reverter. Coloquei a mão no pulso e lembrei que deixei a pulseira com Brandon prendendo a nave no monte Carpatus.
Chloe gritava e batia com a mão no chão e eu não conseguia pensar. A outra porta estava descendo também.
Um grito de desespero de Chloe eclodiu e a porta explodiu. Fui jogado para trás no mesmo momento, caindo e deslizando pelo chão metálico.
Chloe se levantou e estava irradiando uma aura prateada. Seu cabelo estava bagunçado e seus olhos exalando poder.
– Eu que mando aqui – disse.
A outra porta já tinha descido totalmente. Mas quando Chloe chegou próxima, ela subiu. Ela marchava pelo corredor e todos os obstáculos pareciam respeitá-la e se curvavam. Era assustador.
Andamos pelos corredores e chegamos ao grande local onde tivemos a primeira reunião. A maquete do sistema solar no teto estava destruída, todos os planetas caídos no chão, a mesa transparente partida no meio e também vários corpos. E sentado nos computadores digitando códigos estava uma figura muito conhecida: Deimos.
A expressão forte de Chloe se desmanchou na hora. Era ele. Tudo tinha sido causado por ele.
– Eu não acredito – ela disse e ele se virou como se estivesse esperando esse momento.
Os olhos pratas de Deimos brilharam entre as luzes vermelhas. Ele apertou um botão e a cor normal das luzes voltou: o branco intenso.
– Bem vinda de volta, desbravadora – ele disse com a voz arrastada.

Ficamos nos encarando por alguns momentos. Eu estava suando de nervosismo. Deimos me cumprimentou com a cabeça e não respondi.
– Como você pode? – disse Chloe batendo a mão na parede – Cadê Sky?
Ele não respondeu.
– Como você pode, Deimos? Depois de tudo que passamos!
– Que passamos? Ninguém nunca me tratou como eu deveria ser tratado! – ele falou.
Chloe olhou incrédula.
– Te abrigamos e você nos trai assim? Trabalhando para o Imperador? Suas palavras foram em vão?
– Trabalhe conosco também! – ele chamou – Alguns já perceberam que a Via Láctea está perdendo credibilidade e quando o Sol virar uma supernova, iremos todos morrer. Precisamos evitar isso!
– Não é por isso que você está se envolvendo com Andrômeda, seu mentiroso!
– É um dos motivos!
– Você é um traidor! Maldito! – berrou Chloe.
– Minha querida, se acalme! Venha comigo, o Imperador trouxe de volta para mim o que eu mais queria: o poder!
– NUNCA! – gritou Chloe.
– Você percebeu que há muitos corpos por aí, sim? Muitos dos que viviam aqui já estão em nossa colônia, trabalhando conosco.
– Espiões – sussurrei.
– Primeira coisa que você, descendente diz de sensato – senti o ódio por Deimos aumentando cada vez mais dentro de mim.
– E o que você ganha com isso tudo? – perguntei ao perceber que Chloe estava tremendo demais para dizer algo.
– A minha salvação, meu caro – respondeu – Daqui a alguns meses, Andrômeda e Via Láctea irão se colidir e se você quer saber, ninguém é páreo para o Imperador.
Lembrei-me da história que Sol e Brandon haviam contado. Era tudo verdade.
– E também trouxe a oportunidade de eu perceber que não preciso de ninguém para viver. Fui expulso de casa, mas isso não significa que perdi minha dignidade.
– Se você quer saber – a voz dela era trêmula – você a perdeu agora.
– Eu não vou perder nada, só vocês irão – ele disse e se levantou. Estava com uma roupa totalmente preta e não possuía nenhum brilho como costumava ter.
Ele saiu correndo e o medo me bloqueou totalmente. Fiquei paralisado e várias vozes eclodiram em minha mente, mas a de Sol falou mais forte: “O que conseguisse chegar a Plutão seria o escolhido e iria arruinar todo o plano de colonização e deu uma missão para Deimos, esperar o descendente voltar e mata-lo”.
Deimos pulou por cima da mesa transparente caindo próximo a nós. Ele levou o braço para trás fazendo o momento para dar um soco em nós, porém Chloe me empurrou para o lado. Deimos atacou Chloe e os dois se chocaram e uma pequena explosão ocorreu.
Deimos chutou Chloe e virou-se para mim. Eu levantei e corri.
Não era muito esperto de qualquer pessoa fugir de uma luta, mas eu não sabia o que fazer, e não sabia lutar, então o mais prático para mim naquele momento fora evitar.
O berro de Deimos invadiu todo o local e todas as luzes apagaram-se. Tentei localizá-lo, mas era impossível. Eu estava perdido, por dentro e por fora. Era o fim.
Senti algo batendo em minha coluna e caí no chão. Era ele. Ele subiu em cima do meu peito e me deu um soco no rosto. Não era só um soco, vi em sua mão algo muito escuro, brilhando e mexendo-se.
– Peter – ouvi Chloe.
Eu precisava me defender, não podia apanhar. Levei mais um soco e mexi a mão deferindo outro. Acertei algo duro: o rosto de Deimos, imaginei.
– Maldito! – berrou Deimos.
As luzes ligaram e vi Chloe nos computadores e Deimos caído no chão com as mãos no rosto. Ele se debatia e mexia as pernas freneticamente. Do seu lado, Brandon estava em pé com a bandeira dos Estados Unidos em sua mão e uma garrafa de silício aberta.
Deimos se virou e passou a perna em Brandon que caiu no chão. Ele tirou as mãos do rosto e vi: Seu rosto estava se deformando. Deimos se levantou para socar Brandon, mas me joguei em cima dele.
A adrenalina percorria em minha veia. Cai nas costas de Deimos e ele caiu em cima de Brandon ao mesmo tempo. Brandon gritou e pegou a bandeira e bateu no rosto de Deimos que estava se deformando. Ele se debateu como um touro e me desprendi dele, voei pelo ar e caí em cima da representação de Saturno na maquete.
– Eu vou te matar, descendente!
– Não vai mesmo! – a voz de Sky ecoou no ambiente.
– Sky! – ele disse.
– Deimos.
Ele correu os olhos pelo local. Brandon estava no chão caído com a bandeira no chão. Eu caído em cima de Saturno. Chloe próxima aos computadores e Sky adentrando na sala.
Ele chutou Brandon e pegou a bandeira de sua mão, e esfregou a haste na estranha escuridão que eu vi enquanto ele estava em cima de mim, as luzes falharam novamente e todo o teto acima de nós explodiu.
As mais estranhas estrelas desceram flutuando pelo ar, todos nós nos espantamos. Chloe se encolheu de medo e Brandon se arrastou para trás se escondendo atrás de um armário.
– Andrômeda traz o recado: Iremos voltar – ele gritou e lançou a bandeira na direção de Sky. O chão e o prédio rimbombaram e as estrelas explodiram soltando fumaça negra.
Tossi e tentei ver algo balançando a mão no ar, nada. Nem um palmo a minha frente eu conseguia ver. Ouvi somente um gemido e um corpo caindo no chão. Do outro lado ouvi outro.
– NÃO!
Engoli em seco. O pressentimento tomou conta do meu pensamento. Tínhamos falhado.  
Chloe explodiu novamente e a luz intensa iluminou todo o local e vi a cena. Sky estava caída no chão com as mãos no peito. A bandeira dos Estados Unidos estava dentro de seu corpo, passando de um lado a outro. Chloe correu desesperadamente e se jogou do lado de Sky.
– Não, não pode ser.
Sky olhou com piedade para Chloe.
– Chloe...
Chloe tentava tirar a bandeira do corpo de Sky, porém não saia. Levantei de cima de Saturno e fitei o chão. Não queria ver mais uma morte.
O choro de agonia de Chloe doía meu coração. Sua irmã estava morrendo em sua frente e não podíamos fazer nada. Morrendo por culpa de alguém que confiaram por tanto tempo, cuidaram e abrigaram. Elas e nós estávamos de mãos atadas e surpresos com o que tinha acontecido.
– Agora eu consigo ver – dizia Sky, mas Chloe não a deixava terminar a frase.
– Você não vai ver nada – relutava Chloe – Vai ficar aqui, comigo.
A mão de Chloe tocou a mão de Sky e ela levou a mão da Imperatriz Lunar em seu rosto.
– Eu consigo sim – disse entre gemidos – Está tudo claro, irmã.
– Não – a voz de Chloe era fraca, triste e desesperadora.
– Chame elas – ela pediu.
Sky pedia pelas plêiades.
– Eu não vou chamar. Não vai ser necessário! – relutava Chloe.
– Peter... – pediu Sky.
Chloe olhou para mim e seus olhos estavam vermelhos, lágrimas desciam e seu nariz estava entupido. Eu me senti paralisado novamente. A decisão tinha sido posta em minhas mãos. Queria virar e fugir, mas não podia. Se esse era o desejo de Sky, assim eu faria.
– Que as estrelas sempre a acompanhem – eu disse baixinho.
O brilho forte vigorou e iluminou todo o local. Brandon apareceu ao meu lado quando as jovens meninas azuis desceram pelo teto de vidro quebrado. A aura angelical deveria nos acalmar, porém a situação não era propícia para o momento.
Chloe se levantou chorando, fraca e abraçou Brandon escondendo seu rosto do que estava prestes a acontecer.
Plêiades, levem esta jovem Lua de volta para o Universo e clame por justiça – disse.
As plêiades estudaram Sky, e soltaram um cochicho que eu não entendi, porém Sky conseguiu. Ela acenou com a cabeça e nos chamou para perto.
– Chloe, você foi a irmã que eu sempre pedi – ela dizia com dor na voz – Mil perdões pelas nossas brigas, nossos momentos que não conseguimos nos entender e por eu ter um dia segregado você da minha parte. Saiba que nunca tive a real intenção de te rebaixar ou de te expulsar da Lua, até porque ela é sua. Agora é sua. Nossa divisão de lado claro e lado escuro não acaba agora, porque ela nunca existiu – e parou para respirar por um momento – Eu te amo. Guarde bem nosso lar.
Chloe soluçou. Era a cena mais triste de todas que eu já tinha presenciado na vida.
– Brandon, eu sabia que seu papel era decisivo nessa jornada. Agradeço a você por ter salvado Peter, e você não estava louco, tudo é verdade. Eu a vi.
Brandon assentiu. E Sky olhou para mim.
– Peter, eu sei que você será um ótimo guardião, mas não se esqueça dos verdadeiros aliados. Não acredite em nada que te disserem a não ser que você consiga ler sobre isso antes. Você irá nos salvar, esperei tanto tempo por alguém como você.
Respirei forte. Não sabia o que responder, e entendi que o silêncio é a resposta mais concisa para estes momentos.
– Meu avô vai me cobrir no meu último suspiro – ela disse apontando para a janela.
Da parte que consegui ver da janela, o universo parecia triste. A terra em nossa frente tampando a Lua, apagando ela totalmente. Estava ocorrendo um eclipse lunar.
Ficamos em silêncio por um momento e assim que voltamos, Sky tinha fechado os olhos. Chloe soluçou e pôs o rosto em meu ombro. Sky tinha ido, mas eu não deixaria Chloe ir também. Uma lágrima brotou em meu olho e tentei segurá-la, mas não consegui.
As plêiades dançaram no ar irradiando um brilho azul e o corpo de Sky começou a se difundir no ar, assim como o de Haro. O pó colorido brilhava tão forte que todos nós fechamos os olhos.
Com os olhos fechados imaginei o que estaria acontecendo nesse momento se eu tivesse ficado na Terra. Não teria me envolvido em nada. Ninguém teria morrido, forças contrárias não estariam atuando dentro como espiões. Parte disso era exclusivamente minha culpa, e eu sabia.
Não tinha porque dizer nada naquele momento, não tinha porque discutir sobre um futuro incerto. O universo tinha se desalinhado, tudo tinha saído dos trilhos, não havia nem como dar uma olhada em volta, pois tudo estava errado, a função que um exercia há alguns dias, não exerce mais agora. Prometi a mim mesmo naquele momento vendo o corpo de Sky se desvanecer que não teria sido em vão. Nada iria nos impedir de continuar lutando pela nossa casa, a Via Láctea.
Continuamos ali no chão depois que o corpo de Sky se fora e somente o que sobrou foi a pulseira, que coloquei em meu pulso novamente. Chloe abraçou Brandon e depois eu. Ela tremia de tristeza. Tentamos acalmá-la, mas quanto mais o tempo passava, mais pesado o clima ficava.

E assim ficamos por um bom tempo, ajoelhados, cheios de tristeza, nervosismo, fraqueza e chocados com a morte de Sky, esperando o eclipse acabar. 

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