PRIMEIRA VEZ LENDO STARS CHRONICLES?
sim?
Eu, Austin, estrela mais poderosa do universo (cof, cof) irei te ajudar: Vá ao Arquivo, ali no canto direito, e clique primeiro em março > a, vai ser o primeiro capítulo, e assim sucessivamente, se ainda estiver perdido, há um número grande como esse aqui em baixo que mostra o número do capítulo.

sábado, 26 de abril de 2014

capítulo 11 =^.^=

11 UM ENCONTRO INESPERADO

Eu não estava molhado. Nem na água estava. Abri os olhos e pisquei algumas vezes para acostumar com a clareza do local. Tremi por um momento pensando na ideia de estar morto, pois tinha certeza que tinha caído na água quando o gazebo virou.
O suor brotava em minha testa e estava descendo pelas minhas costas, eu procurava algo para tentar entender onde eu estava, mas nenhum sinal. Nada.
As paredes eram brancas, as lâmpadas claras também e minhas roupas estavam às mesmas, porém limpas e sem nenhum rasgado.
Uma agonia surgiu em meu peito, eu não sabia o que fazer, o que falar, a quem procurar, não sabia onde estava, só sabia quem eu era, mas isso não era nada importante.
Peter Allister, descendente da Terra, que importância teria agora? Eu tinha caído em uma armadilha, tinha largado meus amigos e tinha dizimado uma população e destruído um Planeta por completo. Tudo por minha culpa.
Sentei no chão e coloquei a mão nos cabelos e baguncei-os por um momento. A vontade de chorar veio, porém não havia lágrimas o suficiente para isso. Engoli o choro forçado e tentei entender o que estava acontecendo. Austin, Chloe e Brandon deveriam estar mortos neste momento depois da explosão com o meteoro com anéis que Deimos tinha enviado.
Deimos.
Esse nome me trouxe uma raiva interna e tive vontade de socar o chão. Eu realmente fui muito burro de não ter percebido nada estanho nele e mais burro ainda para acreditar que estava tudo bem. Todos nós erramos. Agora tudo fazia sentido.
Fechei os olhos e revivi todo o horror de ver Plutão sendo destruído. As ruínas, os nativos azuis mortos no chão, os guardas guerreiros tentando atirar no meteoro em cima de Caronte e o próprio Plutão, que havia desaparecido.
Muitas dúvidas surgiram em minha mente. Onde Austin estava? Sua família havia o pego? Chloe e Brandon se salvaram? O que aconteceu com o Planeta? Estou morto ou não?
Agulhas geladas picaram minha nuca em câmera lenta quando ouvi uma voz diferente, ecoada, pesada, e antiga, acelerando meu coração.
– Não, não está.
Virei rapidamente e vi um homem ao meu lado. Ele parecia velho, mas seu cabelo era prateado como a maioria das pessoas que conheci no Universo, então não consegui julgar qual era sua idade. Ele vestia uma calça azul clara e camisa de linho branca, dando a impressão de que era um padre indo dormir de pijamas, e estava descalço.
Recuei para trás e ele avançou em minha direção.
– Calma! – ele disse.
– Quem é você? – as palavras doeram em minha garganta e percebi que estava seca demais. Engoli seco.
– Reconheceu não? – ele sorriu e seus dentes eram claros demais, fechei os olhos imediatamente para não ser cegado – Sou eu! Sol, seu avô.
Sol me deu a mão para eu conseguir me levantar e assim eu fiz, demos alguns passos em silêncio e um minuto depois ele parou e disse sem respirar:
– É muita informação para você? Eu sabia que não deveria ter dito à Terra para pegar pessoas tão jovens! Olha só, agora você está travado!  Não consegue nem pensar no que vai fazer! Sabia, eu sabia disso tudo, você acredita? Mas quando nós te escolhemos eu não sabia que você iria destruir a casa de um filho meu por completo, você sabia disso? Se sinta honrado poucos fizeram isso! Seu pai nunca destruiu um planeta, no máximo, ele subiu em cima de um cometa e guiou ele para um buraco negro, só isso. Você é bem melhor!
– Calma, o que você disse?
Ele riu.
– Viu? É muita informação para tanto pouco tempo. Peço mil desculpas. Senta aqui, vamos conversar – ele apontou para um sofá branco (que não estava ali) e se sentou.
Sentei e me virei para ele. Ele parecia muito jovem para alguém com bilhões de anos de idade. Ele sorria muito, porém parecia abatido demais, imaginei o quanto de problemas que ele tinha para resolver sobre seus filhos.
– Não temos muito tempo até que você acorde – disse ele – O que você gostaria de saber?
– Pera! Eu estou dormindo? – perguntei.
– Essa não é a primeira pergunta que um descendente fez para mim em milênios – e riu – Já vejo que você é especial, e sim, você está dormindo. Eu o pus para dormir até que nossa sessão se encerre.
– Ok, o que está acontecendo com o Universo? E o que está acontecendo com você, principalmente? Fui à Terra e locais tropicais estão congelando. Você deveria estar lá!
Sol abaixou a cabeça e começou a balançar as pernas, percebi que ele estava nervoso.
– Bom, eu tive de me afastar um pouco de alguns dos meus filhos para eles perceberem que sou a fonte para eles. Terra, apesar de tudo, esteve sempre ao meu lado, mas desobedeceu ao liberar seu nome para a chamada da Jornada. Não era isso o combinado.
– Existe um combinado? – indaguei.
– Pior que existe. Alguém muito antigo encontrou um astro especial e prescreveu tudo o que iria acontecer nos próximos milênios. Tudo aconteceu e seguimos a risca esses documentos, até chegar a sua parte.
–... Minha parte... – repeti.
– É, a sua parte é codificada. Ninguém sabe ler, ninguém soube decifrar, é uma incógnita – ele disse com tristeza – Pena que perdemos os documentos.
– Perderam ou alguém roubou? – percebi que o tom da voz de meu avô não tinha sido com certeza em sua última frase.
– As outras galáxias podem ser más, sabe.
– Existem outras galáxias?
Ele me deu um tapa no braço.
– Não admito você me perguntando isso – falou – Não estamos sozinho, você sabe.
Sol olhou para seu braço como se estivesse olhando as horas em algum relógio, porém não havia nada em seu pulso.
– Seu tempo está acabando – disse ele.
Mordi o canto da boca.
– Preciso de um resumo – pedi.
Ele sorriu marotamente.
– Geralmente eu não me intrometo na vida de nenhum descendente, porém como você é um caso atípico, tive a curiosidade de acompanha-lo pelo o que ocorreu nesses últimos momentos. – disse - Deimos é um caso muito especial, houve uma falsa briga com seu irmão Phobos e Marte resolveu escolher um dos dois para continuar orbitando. Phobos não é a pessoa mais legal com quem você deseja sair um dia, tanto que todos os astros evitam pisar em sua superfície e Marte achou isso mais atrativo para si mesmo, já que tendo Phobos em sua órbita impede que os humanos interfiram diretamente em Marte.
– Então é por isso que nenhuma sonda terrestre detecta nada em Marte? – perguntei.
– Exato. Phobos protege de tudo. Às vezes os humanos inventam histórias a cerca de habitantes em Marte, mas é tudo mentira. Todos os nativos vivem próximo ao Monte Olimpo, e os humanos não conseguem nem chegar perto. É algo legal ter uma barreira natural, mas nada convidativo. Não aceite nenhum convite para ir para Mart de um estranho, tudo bem?
– Tudo bem – disse.
– Continuando, Deimos é um ser muito ambicioso. Após ser chutado para fora de casa, planejou por anos e anos em conquistar a Lua, porém Sky e Chloe já estavam habitando lá com licenças oficiais como filhas da Terra, porém Deimos ainda continuava desejando cada vez mais poder. Em um momento de sua vida, ele começou a se envolver com Planetas maus e Astros piores ainda. Nunca vi um laço desse se desenvolver tão rápido como foi com Deimos e o Imperador...
– Pera! – interrompi – Deimos não é o Imperador?
– Não, Deimos seria no caso o estagiário, trabalhando e recrutando estrelas e astros para ele – e voltou a dizer – Deimos sabia que em algum momento, Plutão iria ceder seus habitantes para o Imperador colonizar alguns planetas e que Sky iria impedir isto, por ter fama de boazinha. Sky já sabia disto também e esperou anos e anos para agir. Esperou chegar à parte codificada, você, para agir.
– Então, por milênios Sky agiu em silêncio, pois tudo já estava registrado e caso ela intervisse, seria pior?
– Sim, e agora que tudo virou o código impossível de decifrar, ela e todos os seres podem agir do jeito que quiser. Vamos dizer que você desalinhou o universo, só.
Desalinhar o Universo. Tudo o que eu sempre quis. Tive de concordar com Sol, agora percebi que havia muita informação para digerir.
– Podemos continuar? – perguntou – Temos pouco tempo! Vamos lá!
– Sim – disse com desanimo já, eu estava realmente cansado disso tudo, queria acordar em casa, depois de chegar da escola e poder ir ao restaurante com minha mãe como planejamos.
– Sky e a Terra lançaram vários descendentes para o Universo, sabendo que Deimos ficaria louco por informações de que estes novos estariam fazendo, onde estariam indo e tudo mais. Todas as jornadas tinham o mesmo intuito, informar que o descendente iria a Plutão, porém era mentira em todas as vezes. Deimos fugia desesperadamente e encontrava o Imperador, pedindo reforços para quando o momento acontecesse de verdade, porque ninguém sabia o que iria acontecer devido aos códigos. Várias teorias sobre os descendentes surgiram, e Imperador propôs uma: O que conseguisse chegar a Plutão seria o escolhido e iria arruinar todo o plano de colonização e deu uma missão para Deimos, esperar o descendente voltar e mata-lo.
Estremeci.
– Eu vou ser morto? – perguntei levando do sofá. Minha cabeça foi a mil por hora. Saber sobre uma possível morte não é uma sensação boa.
– Calma, ninguém sabe. Está codificado lembra? – ele disse.
– Posso ficar dormindo para sempre? – perguntei com toda a sinceridade do mundo. Não queria enfrentar nada, não queria ajudar ninguém, já tinha muitos problemas com professores na escola, agora eu teria problemas codificados no Universo? Prefiro dormir.
– Não, você não pode – disse Sol.
– Droga.
– Talvez você possa mudar o destino que ninguém sabe o que está escrito – sugeriu ele.
– Deimos é a coisa que eu mais devo prestar atenção a partir de agora né? Como um inimigo – falei.
– Não. Há coisas piores. Mas você irá conseguir passar por tudo isso! – encorajou.
Ele esperou eu dizer algo positivo, como “quem sabe”, porém nada saiu da minha boca.
– Enfim, Sky enviou você para mais uma missão para ir à Plutão, porém esta era verdadeira. A mais verdadeira de todas e infelizmente, isto ocorreu. Plutão foi devastado, Deimos e o Imperador estão esperando você e uma estrela pode cair. – disse com toda a calma do universo.
– Como assim? A estrela velha aqui é você! Você que é a estrela caída. Ninguém vai cair, Austin está vivo! – eu disse com raiva, pois sei que ele se referiu a uma estrela pode cair para Austin que tinha caído de Caronte durante o ataque, e pelo pouco que sei cair pode significar morte também.
– Eu sou a estrela caída? – perguntou.
– Não é?
– Você acha que sim?
– Não sei.
– Você realmente não sabe de nada. Há várias estrelas caídas, tantas que eu não consigo contar, mas vejo várias em sua vida, pessoas que você ama e convive, estrelas caem do céu todos os dias e algumas caíram há anos.
– Pessoas que eu amo e convivo? – indaguei curioso.
– Infelizmente sim – falou – Você só irá perceber quem é a estrela caída quando ela se for.
Pensei por um momento. Não havia ninguém que eu desconfiasse, somente Austin, a única estrela que eu conhecia até agora.
Sentei novamente no sofá.
– Quanto tempo eu tenho agora? – perguntei.
– O tanto de tempo que você desejar – respondeu.
– Plutão está destruído lá fora, não está?
– Destruído pode ser um apelido. Você aniquilou um Planeta e uma raça.
– Eu vou ser perdoado? – ponderei.
– Não há local para perdão e ódio no Universo, Peter. Sentimentalismo é só na Terra, aqui nós temos nada. Você fez, e pronto. Acabou.
Eu não tinha pensado que o Universo podia ser tão frio com estes assuntos. No fundo do meu coração, eu me culpava por todas as cenas que vi alguns minutos atrás.
Fiquei em silêncio.
– Por que você não ajuda sua própria família? – perguntei.
Sol me fitou.
– Você realmente acha se eu ajuda-los, eles irão entender que não é mais para fazer isso? – respondeu com outra pergunta.
Tentei responder, porém nada saiu da minha boca.
– Você já foi criança, me diga então, quantas vezes sua mãe disse não para alguma coisa para você e você nem ouvidos deu?
– Muitas – admiti.
– É o mesmo pensamento.
– Mas eles não são crianças mais – argumentei.
– Mas agem como.
Franzi a testa.
– Isso eu não posso negar – admiti novamente – Falando nisso, onde está Plutão?
– Foi para Ceres, se exilar. Ele sabia que você iria causar algo em seu lar, então deixou Brandon responsável por tudo – Sol respondeu.
– Eles ainda estão vivos? Brandon, Chloe, Austin?
– Isso eu não sei, muito complexo lidar com vida e morte no Universo, muito mesmo.
– Mas eles sobreviveram? – insisti.
– Eu não sei, Peter – respondeu mudando de posição no sofá – Eu realmente gostaria de informar, porém não sei.
Ficamos em silêncio por mais um momento.
– O que achou dos meus espelhos da verdade? – ele interrompeu o silêncio.
– Os espelhos são seus? – perguntei.
– Sim, dei um para cada filho no meu primeiro bilhão. Mostra tudo o que você quer saber e dependendo de onde está, tem muito mais funções.
Lembrei-me do guarda roupa no lixão especial de Ison. Ele mostrou o que eu queria saber e trouxe roupas novas e da sala no Castelo que me abriu os olhos para o que estava acontecendo.
– É, tive experiências com eles.
– Acho que seu tempo já está acabando, mais alguma coisa? – perguntou.
– Sim, sobre meu pai!
Sol abaixou o rosto novamente.
– Ele se foi meu jovem, se foi mesmo – falou com tristeza em sua voz – Lamento.
– E como ele me ligou? – indaguei.
– Há astros que são capazes de fazer milhares de coisas, astros diferentes, especiais. Lançam meteoros para te alertar e podem imitar qualquer voz – ele disse jogando a resposta na minha frente.
– Lucy – sussurrei.
Ele assentiu.
Eu fui enganado.
A pior coisa era saber que eu tinha ainda uma ponta de esperança. Mas ela se foi, se apagou como uma vela de aniversário.
– Mais alguma coisa? – perguntou mais uma vez.
– Não, acho que eu estou preparado.
– Está?
– Estou – respondi com firmeza – Muito obrigado.
Sol sorriu e colocou as mãos nos meus olhos, fechando minhas pálpebras, dizendo calmamente palavras bem contraditórias com o que ele estava fazendo.
– Acorde, meu herói, acorde guardião.



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