PRIMEIRA VEZ LENDO STARS CHRONICLES?
sim?
Eu, Austin, estrela mais poderosa do universo (cof, cof) irei te ajudar: Vá ao Arquivo, ali no canto direito, e clique primeiro em março > a, vai ser o primeiro capítulo, e assim sucessivamente, se ainda estiver perdido, há um número grande como esse aqui em baixo que mostra o número do capítulo.

domingo, 6 de abril de 2014

lolla-pra-losars

8 A MENSAGEM
Eu já vi muitos filmes onde os astronautas caem de suas naves e descem flutuando para a Terra e depois tudo pega fogo e eles morrem antes de chegar. Mentira.
Mesmo assim, nunca tive pretensão de descer à Terra dentro de uma banheira com uma estrela fugitiva e uma habitante da lua, sendo perseguido por outra estrela brigando com um cometa. Nunca.
– Haro – berrávamos nós três, tentando fazer ele prestar atenção em nós.
Eu me segurava a borda da banheira como um bebê, desesperado demais para gritar e com medo demais para tentar fazer alguma coisa.
– Vamos morrer? – a única coisa que surgiu em minha mente era isso, morrer.
Chloe me olhou com desprezo. Como se eu estivesse perguntando por que o céu é azul.
– Diga você – disse ela.       
– Diga eu o que? – perguntei.
– Estamos caindo, idiota. Faça algo! – gritou ela.
Fiquei parado por um momento tentando processar o que ela tinha dito. Olhei para cima e Haro e Ison continuavam brigando. Quando senti um tapa na cara. Chloe havia me espatifado.
– Nos protege! – ela pediu.
– Como? – indaguei.
Ela pegou meu dedo indicador esquerdo e encostou na pulseira que estava do lado direito. Senti algo dentro de mim diferente, como se aquela pulseira estivesse me recarregando. A banheira continuava descendo, e nada tinha acontecido.
– Não é possível que você seja ele – resmungou ela.
– O que vamos fazer com o Haro? – Austin perguntou enquanto os dois – em suas formas originais – se batiam pelo vácuo.
– Precisamos ir para a Terra – eu disse confiante, como se já tivesse dito isso. – Precisamos voltar.
– Você está louco? – os dois exclamaram.
– É para lá que devemos ir para nos salvar e tirar Ison de nossa cola – argumentei e os dois se entreolharam.
– Vamos – disse Chloe.
Coloquei a mão na pulseira se a energia novamente me invadiu, mas naquele momento tive certeza do que eu estava fazendo, tudo pareceu tão natural, o que pensar, como fazer, qual a ideia, mas tinha um mau pressentimento a tudo isso também.
A borda da banheira pareceu ganhar várias cordas que nos seguravam a algo no universo. Paramos por um momento no ar, suspensos e ouvimos um grito.
Haro.
Haro caindo pelo ar.
O corpo de Haro passou por nós com tanta velocidade que me desconectei com a pulseira e a banheira caiu a toda a velocidade novamente. Nos aproximamos da Terra e senti novamente ar em meus pulmões. Iriamos morrer.
Austin abraçou Chloe e falou alguma coisa que ela não conseguiu compreender e empurrou ele. Olhei para baixo e vi dois morros cobertos de neve e uma ponte enorme se materializando embaixo de nós.
Caímos cada vez mais e mais e comecei a perceber onde iriamos cair: em uma ponte enorme e movimentada. Carros passavam ali a toda a velocidade, descendo a estrada e em alguns segundos seriamos atropelados. Não sei Chloe e Austin, mas de mim, eu tinha certeza.
Quando a banheira caiu sentimos o forte impacto e pulamos por um momento. Um carro preto grande bateu na traseira esquerda de nossa condução e rodopiamos pela ponte. Um outro veículo desviou de nós buzinando sem parar. Rodávamos pela ponte indo em direção ao vão que dava para um mar enorme.
Um carro preto bateu em nossa banheira e pegamos impulso. Voamos pelo vão da ponte e caímos em direção ao mar. Peter gritando e Chloe e eu segurando na borda.
A água estava geladíssima, e demorei alguns minutos para conseguir mexer alguma parte do meu corpo direito, eu estava submerso. Subi e vi a margem do outro lado, há uns vinte e cinco metros. Eu fingi saber alguns estilos de nado, mas o que saiu foi uma mistura de bater mão e pé ao mesmo tempo, mas que me levou a superfície novamente. Me joguei na grama congelada e todo a neve derreteu ao entrar em contato com a água.
Peter estava cansadíssimo jogado no chão, e Chloe trazia a banheira consigo. Ficamos arfando por uns minutos. Sem saber onde estávamos, sem volta, e o pior de tudo: sem Haro.
Ninguém disse uma palavra sequer por minutos. Chloe me fuzilava com os olhos, deixando claro a minha ideia fora péssima. Austin não disse nada, porém notei que ele evitava em fazer contato direto comigo.
– É possível que ele tenha... – eu disse e os dois me encaram com suas faces raivosas e eu me calei imediatamente.
Andei por debaixo da ponte e encontrei uma rua que fazia curva em volta de um prédio enorme. Reconheci que era um shopping pela quantidade de carros, senhoras saindo de cachecol e sacolas de compras e os nomes das lojas pela parede.
Havia um senhor saindo da porta e indo para seu carro. Ele usava uma blusa de frio tão grossa e várias peças que logo imaginei que estávamos no Canadá. Corri pela calçada tropeçando no gelo e cheguei em seu carro antes que ele abrisse. Ele parou por um momento e levou a mão no bolso, tateando por um celular.
– Hi, I’m not a thief – disse para o Canadense.
Ele me olhou e semicerrou os olhos.
– Where am I? – perguntei.
– Você é louco? – respondeu ele para a minha surpresa.
– Aonde estamos? – falei tão embolado com medo de ele partir que ele semicerrou os olhos novamente, mas por não ter entendi nada do que eu tinha dito – Onde nós estamos, Senhor?
– Ah... – ele ajustou o cachecol em seu pescoço – Estamos em Vitória, no Espirito Santo.
Demorei um pouco para processar. Eu vivia em Vitória quando era criança e nunca sequer vi uma temperatura tão baixa. O sol castigava furiosamente o verão e mesmo no inverno, fazia calor. E agora estava nevando? Muito estranho.
Lembrei-me do que Sky tinha dito: Plutão estava afastando o Sol pouco a pouco e levando para a nova civilização que Dr. Reynolds tinha me contado.
Contei a notícia à Chloe e Austin, mas os dois não estavam tão preocupados. Tentei gesticular, fazer eles prestarem atenção em mim, mas sucesso. Chloe olhava as plantas de perto, e Austin uma construção próxima o mar, ambos examinavam como se nunca tivessem visto nada igual.
Algo diferente chamou a minha atenção, tamanho de criança, caído perto de um píer. Haro.
– CHLOE! AUSTIN! É O HARO! – gritei já correndo para salvá-lo.
Escorreguei no gelo e cai enquanto corria. Me arrependi por não ter ido patinar no gelo com a minha turma quando havia excursões, agora o que me restava era cair.
Austin passou escorrendo por mim também porém não caiu. Ele chegou próximo ao corpo de Haro e começou a sacudi-lo gritando seu nome.
Lembrei-me do meu celular, tirei-o do bolso e felizmente estava seco, assim como toda a parte inferior do meu corpo: o pedido de proteção em Vênus estava se esgotando. A bateria estava em 57%. Voltar para a Terra tinha suas desvantagens.
Disquei o número de Sky, o que ela tinha me informado para ir para a Lua, porém nada aconteceu. Liguei para a polícia de Washington (o único número que lembrava) e ninguém atendeu.
– Haro! Sou eu, Austin, acorda – dizia ele dando tapinhas na cara de Haro.
Olhei para Chloe e sua expressão era de preocupação, ela só estava observando a cena, olhando para o céu as vezes para desviar o olhar.
Me levantei do chão e fui até Haro. Eu tinha certeza que ele tinha se afogado, e eu obrigatoriamente havia comparecido à algumas aulas de Primeiros Socorros.
Coloquei as mãos em seu peito e comecei a aplicar pressão. Haro nem se mexeu. Pus mais pressão, e nada. Seus olhos estavam fechados, como se estivesse dormindo e seu peito nem mexia, sinal que ele não estava mais respirando.
Quando eu ia tampar o nariz dele para fazer boca-a-boca, Chloe gritou:
– CUIDADO!
 Um meteoro enorme, como aquele que caiu em minha escola há alguns dias atrás estava vindo em nossa direção. Dei um pulo para esquerda segurando na camisa de Haro tentando escorregar com ele na calçada coberta de gelo, virei meu corpo e senti uma ardência em minha mão. Ela queimava muito.
Chloe deu um berro de horror e ouvi o corpo de Austin cair na calçada tentando chorar, mas não conseguia.
Eu estava deitado com o corpo todo torto, segurando Haro, porém Haro não estava mais ali. O meteoro tinha caído em cima dele, queimando ele e parte da minha mão.
Haro tinha morrido por minha culpa.
Outra explosão: outro meteoro, mas um colorido caiu na grama. Chloe correu até ele desesperada e pegou um papel que estava amarrado a ele.
– Austin – disse ela baixinho.
Austin se levantou a e caminhou até ela. A expressão que ele fez foi amedrontadora. Não teve nem tempo de processar, pois teve de jogar o corpo para dentro da água novamente quando outro meteoro explodiu próximo aos dois. Estávamos sendo atacados de novo.
Me levantei e não quis nem olhar para Haro, que estava começando a se desfazer em poeira estelar. Ele estava indo ali, na minha frente, por minha culpa. E consequentemente Herbig também.
Talvez tudo isso foi um erro, um sonho. Eu não assinei nada para ser responsável por tudo isso, nada. Alguém me escolheu para ser o principal de um reality show de realidade virtual. Estou seguro deitado em alguma cadeira e uma plateia está me observando e cientistas me estudam. Nada disso está acontecendo.
– Peter! – o grito de Chloe me acordou e vi um meteoro quase em minha frente.
Lancei meu braço para o alto e o meteoro explodiu no ar em uma poeira branca.
– PAZ – gritei para o alto.
Eu estava cansado disso. Eu estava ajudando-os e eles mandavam meteoros para atacar a mim e a meus amigos? Além de terem matado um inocente. O que eles queriam mais de mim? Que eu resolvesse todos os seus problemas de família? Eu já estava farto.
O céu pareceu se acalmar. Austin saiu da água gelada e começou a bater o dente de frio, reclamando. Chloe se sentou e eu comecei a andar passando a mão pelos cabelos, tentando entender o turbilhão de pensamentos que passava em minha mente.
– Eu estou cansado – disse eu.
– É, nós também – disse Chloe – Precisamos dormir.
– Não estou falando de cansaço físico. Estou cansado, Chloe. Acabou tudo.
– O que você está dizendo?
– Chloe, não fui feito para isso mesmo. Não mesmo. Olha tudo isso – apontei para os destroços – Estamos ajudando eles, e ainda mandam meteoros para nos matarem. 
Ela me estudou por um momento.
– Eles? – indagou.
– Sim, eles.
– Você não faz ideia de quem mandou esses meteoros...
– Quem mandou então?
Austin finalmente disse:
– Meu pai, Órion.

O clima ficou muito pesado nos minutos seguintes. A neve começou a cair e lembrei-me do inverno rigoroso de Washington e de tudo que Sky tinha dito. Na região sudeste do Brasil nunca havia tido uma nevasca, e agora, até a região tropical estava sofrendo.
O corpo de Haro estava desaparecendo aos poucos, mas Austin quis fazer algo especial. Fomos até o cadáver e enquanto ele desaparecia, Chloe abaixou-se em um lado, Austin de outro e eu para acompanhar também me agachei.
– Que as estrelas sempre o acompanhem – ele disse baixinho.
Algo desceu do céu, tive de fechar os olhos para não me cegar. Iluminava tudo como lâmpadas, um aglomerado de pontos brilhantes.
– Não! – disse Chloe se agarrando do corpo de Haro. Austin repreendeu-a e ela largou o corpo.
O brilho cessou por um momento. Eram meninas jovens de idade de oito a nove anos que tinham uma aura linda, azulada, como Ison. Porém o azul era angélica, e tremeluziam bastante. Não consegui contar quantas eram, mas havia muitas.
– Plêiades, levem esta jovem estrela de volta para o céu e clame por ajuda – disse Austin.
Elas se entreolharam e viram o corpo. Estudaram ele por um momento e voltaram a cochichar.
– Ele foi morto pelo fruto da maldade – disse uma Plêiade.
Austin olhou para baixo e assentiu. Parte da morte de Haro era culpa de Austin.
– Ele não voltará? – perguntou impaciente Chloe.
– Infelizmente não, somente se quem o fez redimir-se – disse outra.
Ficamos em silêncio.
– Estamos prontas – disseram em uníssono.
 – Calma! – interferiu Chloe – Precisamos de seu pó.
Chloe me cutucou. Entendi na hora o que ela estava dizendo, assim, retirei a pulseira e coloquei em cima do peito de Haro. As plêiades começaram a cantar e a aura delas brilhou mais forte. O brilho intenso saiu de seus corpos e rodopiou pelo ar até achar o corpo de Haro. O pequeno cadáver flutuou por um momento e começou a degradar mais rápido. O pó que saia era colorido e estava se juntando à pulseira, agregando-se a cada grão de areia multicor. Em um minuto, o que restou foi a pulseira flutuando no ar, e nada mais do que isso.
A pulseira caiu no chão e assim as Plêiades desapareceram.
Chloe caiu de joelhos no chão colocando as mãos no rosto. Havia um peso enorme em meu coração e um fardo duplo em minha mão: a queimadura do meteoro e a pulseira com os restos de Haro. Austin estava calado.
– Eu que o chamei para vir – Chloe lamentava.
Coloquei a mão no ombro dela e não disse nada. Eu não era bom em lidar com mortes, aliás, nunca havia tido uma próxima, então as palavras não me vinham.
E assim continuamos, até que a neve engrossou e tivemos que entrar no shopping.

Chloe ficou maravilhada. As roupas que ela via nas vitrines a deixou babando. As vendedoras olhavam para ela e se assustavam, pois ela estava colocando seu rosto no vidro e comentando várias coisas como “Por que isso não tem na Lua?”.
O shopping estava lotado, esbarrávamos todo minuto em alguém, e as maiorias das vezes esbarravam em Austin que estava apreensivo.
– Eu nunca vi uma multidão de terrestres assim – comentou.
Eu ri tentando quebrar o gelo que estava nos cercando. Aproximei-me dele para ensinar como andar em local lotado, eu os guiei até chegarmos a um corredor que era a entrada dos banheiros. Perguntei se algum deles queria ir, porém lembrei que eles eram do Universo, eu não queria nem me olhar no espelho, mas entrando, havia um enorme. Lavei a queimadura em minha mão e virei os olhos, ardia e doía como se eu tivesse queimado com óleo quente.
Encontrei os dois novamente e fomos andar mais um pouco. Eu sentia fome, porém não tínhamos dinheiro, achei um dólar em meu bolso, mas estávamos no Brasil, ninguém iria aceitar.
Entramos em uma loja com artigos de astronomia, era muito bonita, me senti novamente no espaço – onde deveríamos estar –, no teto estrelas cadentes voavam e um sistema solar desatualizado de isopor flutuava. Nas prateleiras havia replicas de acrílico de algumas estrelas famosas. Vi as Três Marias e me pus na frente, para Austin nem conseguir ver.
– Eu sei o que devemos fazer – disse Austin levantando as mãos para o alto.
– Comprar! – o vendedor disse.
– Não – respondeu ele – Pedir ajuda a ele, olha! – e apontou para a estrela cadente.
Chloe riu e Austin fechou a cara e cruzou os braços, indignado.
– Você acha mesmo que ele vai te ouvir? – ela disse.
– Por que não?
– Simplesmente porque você não vai ser o primeiro e nem o último que vai pedir um favor, e além do mais, você sabe que ele não orbita por essa época por aqui, tem uns bons anos desde que ele passou pela última vez.
– Não vale tentar né?
– Mas de quem vocês estão falando? – perguntei.
– Vocês não vão comprar nada não? Vou chamar os seguranças – alertou o vendedor, mas não demos ouvidos.
– Ele, Peter – e apontou novamente para o teto onde a estrela cadente estava.
– Ele quem?
Austin abriu uma expressão de espanto. Acho que ofendi quem ele estava falando.
– Como assim você não sabe de quem estamos falando? – perguntou Chloe.
– Eu tenho que saber? Não sou um extraterrestre – respondi.
– E eu não sou uma Terrestre, mas sei de tudo dos humanos, aprendi português e inglês por sua causa, só para acompanhar o momento que pedissem para eu tomar conta de um menino insensível como você.
– Calma aí, Chloe – interviu Austin.
Não soube o que responder, de verdade. O vendedor pigarreou e agradeci a ele mentalmente, pois quebrou o clima estressante que Chloe estava criando entre nós.
– Peter – chamou Austin e voltei a prestar atenção – Estamos falando do cometa Halley!
Pesquisei em minha mente aonde de onde eu conhecia este nome, pois era familiar.
– Ele é aquele cometa que passa de anos em anos? – perguntei ainda com dúvida.
– Sim! – exclamou Austin.
– Bom, para vocês passam de anos em anos, para nós, ele quase nunca aparece. Ele é período exclusivamente para a Terra, porque os terrestres adoram endeusa-lo, porém há planetas que nunca o viram. 
– E no que ele pode nos ajudar?
– Nos levando para Plutão? – quando Austin disse o vendedor deu uma tossida violenta.
– Do que vocês estão falando? – perguntou.
Entreolhamo-nos. Ele era um simples terrestre, assim como eu, mas não sabia que estávamos querendo ir para o Universo, e nem sabia o que Austin e Chloe eram então tive de mentir:
– RPG.
Ele fez um gesto com a mão que significou para mim “de novo esses nerds por aqui” e pegou uma revista para folhear.
– E como o chamamos? – perguntei.
– Aumentando seu ego – Chloe respondeu.
Austin deu um pulo e pegou a estrela que estava no teto. Ele olhou para mim e me entregou.
– Vai – disse ele.
– Isso aqui é uma estrela – rebati.
– Você é um burro mesmo, viu? – disse Chloe impaciente – Olha a cauda.
– É um cometa – explicou Austin.
– O.k., e o que eu devo fazer? – indaguei.
– Chamar ele!
Percebi que eu já estava deixando os dois irritados, então tentei ser um pouco rápido. Apertei o cometa de acrílico em minha mão e comecei a dizer:
– Venha nos ajudar, Halley.
Os dois me olharam incrédulos.
– O que você está fazendo? – Chloe riu, ridicularizando.
– Chamando o cometa – soei frágil dizendo.
– Está fazendo errado. Você tem que oferecer algo, aumentar o ego, deixar ele curioso para saber quem você é – instruiu Austin e pensei um pouco no que eu iria fazer.
O vendedor continuava lendo sua revista, enquanto Chloe havia sentado em uma poltrona do lado de um Globo terrestre. Austin continuava me encarando e quando nossos olhos se encontraram ele sorriu e fez um “joia” com a mão direita, mostrando apoio.
– Cometa Halley, salve. Mostrando todo seu poder em órbita da humilde Terra, você vem deslumbrando essa sua cauda maravilhosa e exalando poder. Eu, Peter, o herdeiro terrestre, peço a vossa ajuda. Necessitamos de alguém experiente que conheça toda este vasto universo e de alguém que compreenda a sua importância para a raça humana e extraterrestre.
Quando terminei de dizer, Chloe riu aplaudindo. O vendedor começou a rir, batendo a mão no caixa que abriu caindo muitas notas de dinheiro.
– Austin, a chance é agora – olhei para a minha mão e o cometa de acrílico tinha desaparecido.
Fui até o caixa e peguei uma nota de cinquenta reais e uma de vinte, corri gritando para me acompanharem. Chloe levantou da poltrona e bateu em uma estante cheia de réplicas de estrelas que caiu fazendo barulho. Austin corria do meu lado e desviávamos de todos tentando achar uma saída. Viramos à esquerda e demos de cara com a praça de alimentação. Chloe esbarrou em uma moça que levava yakisoba para sua mesa e tudo caiu em sua roupa, Chloe se levantou e pediu desculpas. Corremos mais um pouco e localizei uma rede de fast foods, dei o dinheiro para o caixa e peguei o pedido de um cliente que estava esperando. A caixinha onde o lanche estava se encontrava ainda quente e batatas fritas pulavam dentro. Eu sentia o cheiro.
– Não é hora para apreciar comida, vamos! – gritou Chloe.
Olhei para a janela do shopping. Uma luz muito branca – mais do que as plêiades e Ison – estava nos acompanhando. Era ele.
Meus pés já estavam doendo de tanto correr, o cometa era rápido, e estávamos procurando uma porta que nos deixássemos sair do local.
– Cuidado – berrou Austin.
Os vidros do shopping todos quebraram. O estrondo foi absurdo. Halley estava dentro do shopping, caído no chão.
Ele era um homem branco com cabelos cinza e de terno risca giz. Parecia um homem muito velho, mas empresário, bem sucedido em seus negócios, investidor da bolsa de valores, no mínimo.
Ele respirou fundo e disse:
– Eu amo a Terra.
Aproximei-me e ele deu um passo para trás.
– Foi você que me convocou, estrela fugitiva? – perguntou com medo.
– Não sou a estrela, ele é – apontei para Austin.
Chloe levou a mão para a boca espantada. Austin tinha convocado Halley e não eu.
– Eu me recuso a levar um refugiado – ele disse como uma criança birrenta.
– Austin, eu não acredito! – exclamou Chloe usando um tom de repulsa. 
– Eu tinha de fazer algo, Chloe – respondeu.
– Você sabe que você foi contra as regras agora.
– E daí? Agora o universo todo sabe que eu estou na Terra com um terrestre e uma habitante da Lua, vão nos caçar, sim, mas você vai ficar com raiva por causa disso, porque ao invés disso você não vai cuidar do seu lado apagado?
– O que você disse? – retorquiu Chloe.
– Eu amo brigas, pena que eles não são terrestres porque na certeza eles iriam se bater – disse Halley ao meu lado – Como é que vocês dizem? Pancada? Porrada?
– É – respondi – E eu preciso parar isso antes que vire uma.
Enquanto uma multidão passava em nosso lado gritando tentando sair do shopping em desespero, Chloe e Austin brigavam como se não houvesse ninguém.
– Dá para parar vocês dois? – gritei – Ele já está aqui e não importa quem o chamou. É a nossa única chance.
Os dois pararam e me olharam. Halley soltou uma risada atrás de mim.
– Eu? Levar vocês para Plutão?
– Sim – respondemos.
– Para ser sugado e acabar como Ison que morreu queimado? – após Halley dizer isso ele mexeu os ombros como se tivesse tido um calafrio.
– Ison está vivo – disse eu.
Halley abriu a boca em espanto.
– Ison chegou próximo ao Sol, bem próximo e não morreu, e você Halley, está com medo? – tentei soar convincente.
Ele analisou por um momento a proposta, mas entendi que agora era a hora de persuadi-lo.
– Eu pago vinte reais terrestres – e mostrei o dinheiro.
Halley olhou para o céu, mas a neve caia tão pesadamente que ele desistiu da ideia.
– Ok, eu levo vocês, mas se alguém perguntar qualquer coisa sobre isso, nem ousem em falar meu nome, digam que quem levou vocês foi meu irmão gêmeo, Mailey – ele disse.



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