PRIMEIRA VEZ LENDO STARS CHRONICLES?
sim?
Eu, Austin, estrela mais poderosa do universo (cof, cof) irei te ajudar: Vá ao Arquivo, ali no canto direito, e clique primeiro em março > a, vai ser o primeiro capítulo, e assim sucessivamente, se ainda estiver perdido, há um número grande como esse aqui em baixo que mostra o número do capítulo.

sábado, 22 de março de 2014

b-e-tem

3 O QUASE CONTATO
Depois de ouvir tudo aquilo, o que eu mais desejava naquele exato momento, era que existisse um psicólogo estelar, ou alguma pessoa que pudesse colocar todos esses planetas em uma roda de cadeiras e conversar e questionar “Qual é o seu problema? Diz que vou te ajudar”, para não ter que envolver os pobres humanos – eu – nesses problemas familiares milenares.
Achei que a ajuda era referente a meu pai, já que eu jurava que tinha ouvido a voz dele no telefone e não para ajudar um planeta, ou alguém que domina ele. Meu tio Plutão, ri internamente.
– Eu acho que eu não entendi – disse e realmente não estava entendendo nada.
Deimos bufou e se levantou da mesa. Ninguém disse nada. Chloe cutucou Sky e ela deu um tapinha em seu braço.
 – Para que vocês precisam da minha ajuda? Vocês não podem resolver por vocês mesmos não? – indaguei.
– Eu, Sky, não posso adentrar em outros territórios sem autorização de um de meus tios, e do jeito que está agora... Creio que ninguém vai deixar ninguém entrar.
– Mas se você não pode, por que eu posso? – perguntei batendo a mão na mesa. Fazia sentido, Sky disse que era filha da Terra e o satélite natural. Se eu sou descendente da mesma, por que ela não pode, e eu posso?
– Porque ninguém o conhece até então – explicou Lucy e voltou a ficar calada.
Sky bateu na mesa com sinal de concordância ao que Lucy disse. Eu realmente estava ali pensando em meu pai, e Sky disse simplesmente que eles tinham perdido o contato com ele, como se fosse a coisa mais normal do mundo.
– Ainda não faz sentido – impliquei esperando mais respostas. – O que realmente está acontecendo? E meu pai?
– Seu pai está perdido por aí, enquanto ele não fizer contato... – Chloe estava dizendo, mas interrompi-a.
– Ele fez contato comigo! Hoje... Ontem... Sei lá – me toquei que não sabia que horas, que dia, e como funcionava o tempo no espaço, ia perguntar as horas, mas achei melhor falar tudo logo – Ele ligou do mesmo jeito que vocês ligaram, restritamente, aqui no meu celular – tirei-o do bolso e mostrei.
“Ligações atendidas: Numero Restrito, 0:27, 07:49 am”
Foi então que eu vi que a bateria do celular não tinha descarregado. Estava 59% ainda, quando o normal era carregar ele várias vezes no mesmo dia, de madrugada, ao chegar da escola, e antes de dormir.
– Austin, vê o número real desta ligação intergalática, por favor? – Sky disse e Austin pegou meu celular e saiu andando em direção aos computadores – Então, Pedro Peter...
– Pedro – corrigi-a.
– Vou dizer logo que está acontecendo, sabe a história que eu acabei de contar da minha família? Então, seu tio, meu tio, Plutão, se envolveu há alguns anos em um problema sério: Estava alimentando a chance de planetas anões se realizarem uma rebelião contra nós, verdadeiros filhos – ela dizia e me fitava tão concentrada que parecia que tudo aquilo era verdade – e claro, papai não gostou nada disso, e bani-o do sistema, alterando sua órbita, mas claro que ele estava aprontando...
– Já peguei o número, Senhora – Austin disse e me entregou o celular.
– Então, Plutão, lançou um elo com ele, Ceres, Haumea, Makemake, e Éris no Sol, mas para que? Para levar o sol para outro local do sistema solar, inverter os papéis, alterar a ordem atual.
Os irmãos Herbig e Haro faziam sinais com as mãos de alteração, mexer, rindo e brincando entre si.
– Este elo está se tornando cada vez mais forte, e já está afastando o Sol da sua posição normal. Eles estão levando para o canto de nosso limite, e planejam orbitar em volta dele. Caso isso aconteça, nós, verdadeiros filhos, ficaremos sem luz e morreremos de frio. A mãe, Terra, já está preocupadíssima com o inverno que está atingindo as regiões polares e as regiões tropicais também, a região litorânea do Brasil está nevando, Pedro. Você já tinha visto isso?
Balancei a cabeça negativamente. Não tinha contato com o Brasil fazia tempo, mas lembrava de quão quente alguns dias podiam ser, mas nunca havia visto notícia de nevasca lá. Tive o parâmetro com Washington e o pior inverno que estava acontecendo.
– Se um pai está com problemas com um filho rebelde, por que ele não pode resolver sozinho? – perguntei e Sky abriu a boca em espanto.
– Meu avô possui somente quatro bilhões e quinhentos e sessenta e sete mil milhões de anos, você acha que ele tem idade para isso? – ela retrucou.
– E por que nenhum dos filhos quer ajudar? – rebati.
– Você conhece as famílias, meu jovem, Sol criou todos, ajudou a se desenvolverem e criou atmosferas para cada um, para cada um ter sua própria vida sem incomodar o vizinho, após isso, todos se sentiram independentes ao ponto de não precisar mais de nada vindo dele. Os que tinham ainda respeito ao pai permaneceram perto dele, e os que nem ligavam se afastaram.
– Então, a Terra é a terceira no quesito consideração a seu pai, mas é a primeira a querer ajudar? – perguntei.
– Ao menos estamos ajudando, correto? Entendeu? – ela perguntou, mas pelo tom de sua voz, saberia que eu não deveria dar nenhuma resposta.
A mesa voltou a ficar em silêncio.
– Você vai nos ajudar? – Sky disse.
Pensei por um momento. Mas eu realmente não saberia o que eu teria que fazer, então por que daria certeza de algo que não tinha convicção e nem coragem?
– E o que eu devo fazer?
– Há um ônibus espacial esperando você e sua tripulação. Chloe será a motorista, e você pode levar duas pessoas. Vocês vão viajar até Plutão e cortar o Elo, deixando o Sol livre. Somente isso – respondeu.
– E quanto a meu pai? – perguntei.
– Você pode buscá-lo na volta, mas o mais importante, é salvar o Sol e a vida terrestre.
– E minha mãe? Ela vai acionar o governo quando perceber que eu sumi – lembrei-me dela. Havia prometido ir jantar com ela hoje a noite em um restaurante fino, gostaria de saber quanto tempo se passava aqui na lua, para saber se ela estava trabalhando, ou em casa me esperando.
– Monica? – Deimos entrou na conversa e riu – Ela vai entender – disse com tom de deboche e abaixou para falar algo no ouvido de Sky, que se despediu da mesa e saiu correndo.
Fiquei parado ali, sentado, esperando algo acontecer. Então Chloe levantou e disse:
– Vamos Austin e Pedro, buscar a arma.
– Arma? – perguntei ansioso. Já tinha visto filmes que se passavam no espaço e me imaginei segurando um sabre de luz, ou uma espada que lançaria raios eternos.
– Sim, a bandeira que os Estados Unidos fincaram aqui em 1969.

Saímos da base e em poucos minutos, Chloe, Austin e eu estávamos andando pela superfície rochosa da lua.
– Estou tão animado! Uma viagem! – dizia ele.
Austin e Chloe trocaram olhares de reprovação. Fiquei um pouco atrás dos dois, esperando que eles pisassem primeiro, antes de mim.
– Você sabe que você não pode ir – ela disse.
Se eu realmente teria de ir naquela viagem, escolheria certamente Austin e um dos irmãos. Deimos? Jamais. Sky não teria permissão, e Chloe já seria a pilota. Lembrei-me de Lucy, a menina estranha da Base, anormal demais para uma jornada.
Andamos por uns vinte minutos, até a curiosidade me deixar faminto. Perguntei:
– Por que você não pode ir, Austin?
Ele me olhou e depois fitou o céu.
– Tenho irmãs me vigiando. Espionando de verdade, observando cada passo que eu dou.
– Você também é imperador de uma Lua? – continuei interrogando.
– Quem dera – e ele riu – eu sou somente uma estrela que fugiu da minha constelação.
Como assim, Austin, aparentemente humano, uma estrela? As coisas tinham começado a complicar novamente.
– Você... uma estrela?
– Não se espante, mas sim. Todos nós somos estrelas, mas estamos na fisionomia humana por sua causa. Estamos falando sua língua materna por sua causa também. Tivemos de aprender o português e usar por um bom tempo. Já houve descendentes que eram alemães, foi muito difícil, ainda bem que ele foi morto – ele disse.
­– Estamos chegando – alertou Chloe.
– Caso eu morra em batalha, virarei novamente uma estrela, e eu não quero mesmo. Sou o quarto irmão mais brilhante da constelação de Orion, minhas irmãs sempre me ofuscavam com seus brilhos e alinhamentos perfeitos, e fui obrigado a deixá-las. Mas elas são traiçoeiras e o asterismo mais maldito de todo o universo.
Tentei-me lembrar de quando ficava apreciando o céu no Brasil. Estrelas brilhosas e alinhadas... Três estrelas...
– Você é irmão das Três Marias? – perguntei com dúvida.
– Mintaka, Alnilan, e Alnitaka, Delta, Epsilon e Zeta, ou Três Marias. Mas sim, sou – respondeu.
 – E você Chloe? Também é uma estrela?
Ela me lançou um olhar fulminante, o mesmo que Sky me lançara.
– Não, sou desbravadora da Lua. Descobridora dos mares lunares. Irmã de Sky. Se eu morrer, no máximo viro pó – disse.
– E Deimos? O que ele é? – algo nele me deixava curioso. Ele era ignorante com todos, ou só comigo? Algo no passado dele deveria ter deixado ele muito furioso com todos, porque se chamava de traidor e tudo mais...
– Deimos é complicado, vamos falar disso outra hora, porque estamos já na bandeira.
Na nossa frente, estava a bandeira mais polêmica que eu já tinha visto. Já tinha lido na internet vários artigos comprovando que o homem nunca estivera a Lua, mostrando o famoso argumento: a bandeira está tremulando! Odiava ler tudo isso porque demonstra que ninguém tem fé na humanidade e no grande impulso que isso deu a todos que estudam astronomia.
E se alguém ainda acredita que o homem não pisou na Lua, prazer, meu nome é Pedro.

– Tá e o que iremos fazer com essa bandeira? Enfiar nos olhos dos alienígenas que encontrarmos? – perguntei.
– Você está brincando né? – perguntou Chloe, séria. – Isso é um acessório feito de pó estelar, o material mais resistente do universo. – Ela retirou a bandeira e ela se fez em pó em segundos.
Levantando o acessório na mão, eu vi a coisa mais bonita do mundo. Brilhava intensamente e as cores trocavam aleatoriamente. Era como uma pulseira, mas nenhum resquício de pó encostava-se a outro, flutuavam como se seguissem uma linda corrente colorida, formando direito uma circunferência.
– É seu – ela disse e colocou em meu braço.
– Mas para que serve? – perguntei admirando o meu primeiro acessório da galáxia.
– Pó estelar, é o único resquício de ajuda em nossas missões. Ele controla o tempo e espaço, os lixos espaciais, e além de se transmutar em o que você mais precisar no momento.
 Fiquei de boca aberta. Certamente esta era a arma mais poderosa que eles tinham por ali e estava escondida em algo tão simples, uma bandeira. Ficamos bons tempos ali, parados, admirando alguns planetas. A terra parecia tão pequena olhando da Lua. Austin mostrou-me algumas constelações que eu esqueci totalmente os nomes em questões de segundos.
– Vamos ter um trabalhão para chegar próximo ao sol – queixou-se Chloe. – Vamos ter que escolher passar por ao menos um planeta: Vênus ou Mercúrio antes de se aproximar do Sol – lembrei-me de meu pai, que estava preso em Vênus.
– Austin, cadê o número que você conseguiu? – perguntei interrompendo Chloe.
– Já está desbloqueado a sua linha para ligações intergalácticas – respondeu.
Peguei o meu celular, que continuava com 59% de bateria, e vi as ultimas ligações atendidas. O Restrito que estava antes, havia mudado para um número totalmente enorme. Liguei.
O toque de ligação no universo é engraçado. É um barulho rápido e que finaliza antes de você perceber. Você precisa ter uma audição muito boa para perceber que tocou e que acabou.
Ninguém atendeu.
– Depois você liga – consolou Austin.
– É, depois eu ligo – respondi.
– Vamos Pedro, vamos dormir, acordaremos daqui a algumas horas para embarcar – disse Chloe andando.

Andamos de volta para a Base em silêncio. Chloe, a desbravadora, Austin, o irmão que fugiu, e eu, o terrestre sem conhecimento do que estava se metendo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário