PRIMEIRA VEZ LENDO STARS CHRONICLES?
sim?
Eu, Austin, estrela mais poderosa do universo (cof, cof) irei te ajudar: Vá ao Arquivo, ali no canto direito, e clique primeiro em março > a, vai ser o primeiro capítulo, e assim sucessivamente, se ainda estiver perdido, há um número grande como esse aqui em baixo que mostra o número do capítulo.

segunda-feira, 24 de março de 2014

ma ma manicure

5 O ENCONTRO
Eu já odiava engarrafamentos na Terra, agora teria que enfrentar um no universo. A fila andava e nós ficávamos irritados já. Chloe tinha explicado o motivo: há duas vias pelo sistema solar, a expressa, e a comum, estávamos indo pela comum porque Vênus é somente vinte minutos seguindo reto por esta, mas tinha um porém...
Tudo que tem um porém não é bom, já era para eu ter percebido isso. A via comum era repleta de coisas ruins, como meteoros, nuvens nebulosas que engoliam os viajantes do nada, lixo espacial e algumas estrelas que iriam ali para explodir e virar buracos negros.
– Ótimo – foi tudo que eu consegui dizer após digerir estas informações.
Ao menos passaríamos próximos a Vênus, e eu tentaria persuadir Chloe para pararmos aqui primeiro, antes de irmos resolver os problemas de Plutão.
Peguei meu celular, 59% de bateria, e iria colocar uma música aleatória para tocar enquanto esperávamos e mal a primeira música começou e Chloe começou a gritar:
– Você não me ouve mesmo né – queixou-se ela. 
– Desculpa.
Finalmente chegamos à cabine cinza, ficava do lado esquerdo, então do lado de Chloe. Paramos ali e esperamos por um momento. Olhei para Haro que estava sentado no banco do meu lado ereto do jeito que meus professores de educação física reclamavam em todas as aulas que ninguém se sentava assim.
Ele sussurrou: eles são muito chatos, e continuei olhando para frente.
– Um momento senhora, quantos passageiros? – uma voz robótica disse.
– Três – Chloe respondeu.
Olhei para cabine e vi Sky. Dei um pulo da cadeira, ali na nossa frente estava um robô com a face de Sky falando com Chloe que estava apreensiva na cadeira. Seus dedos estavam grudados em baixo do volante, arranhando a borracha que revestia.
O robô olhou diretamente para mim e mudou para a imagem da minha mãe. O que? Berrei internamente.
– Haro... – disse tocando sua mão.
– Não olhe para eles – ele murmurou.
O silêncio tanto dos robôs, e tanto de nós três tomou conta do ônibus e parecia que do universo todo, foi quando o que estava dentro da cabine começou a gritar:
– IMPROCEDENTE!
– O QUÊ? – gritou Chloe.
– IMPROCEDENTE!
– ACELERA! – berrou Haro.
– INFORMAÇÃO NÃO PROCEDENTE – insistia o robô da cabina.
Chloe acelerou e arrebentamos a grade dourada que nos separava da via comum, adentramos correndo como carros de fórmula 1 no espaço. Eu não tinha entendido nada o que tinha acontecido, principalmente a visão de Sky e de minha mãe no monitor do robô, mas Chloe estava tão desesperada dirigindo que perguntei a Haro:
– O que aconteceu?
– Passamos pelos domínios da sonda robótica Venera. É procedente da Terra, quando eles começaram a achar que o espaço podia ser o seu quintal. Lançaram isso e todo dia tem problemas.
– Mas por que o robô gritava “Improcedente”?
Chloe interrompeu grotescamente:
– Ou você é gordo demais e conta como dois, ou estamos carregando mais viajantes.
 Eu estava morrendo de medo dos robôs mandarem guardas ou policiais atrás de nós depois de sairmos quebrando tudo, Chloe estava nervosa, olhava no retrovisor de segundos em segundos, Haro comia as unhas, e eu só processava o que ela tinha me dito.
– AH NÃO! – gritou Chloe.
O ônibus sofreu uma parada brusca e olhei para frente. Tive que semicerrar os olhos para acostumar com o brilho. Três pontos brilhavam na frente do nosso ônibus e pelo visto não era coisa boa.
– Mas o que elas estão fazendo aqui? – murmurou Chloe para Haro.
– Elas não deviam – ele respondeu.
– Vocês estão me cegando! – berrou Chloe tampando os olhos com as mãos.
 Imediatamente as luzes, que julguei como estrelas, se reduziram e se transformaram na fisionomia humana. Elas eram altas, seus cabelos eram tão loiros que pareciam com o cabelo de Chloe, prata, e suas peles pálidas como o gelo.
– Desculpa – disse uma.
– Não – completou a outra.
– Queríamos – finalizou a ultima.
– Tanto faz – disse Chloe já irritada – Dá para saírem da frente?
As três se entreolharam e começaram a dar risadinhas. Haro me cutucou e fez com as mãos um três e depois virou ao contrário formando um M. As irmãs de Austin estavam aqui, as Três Marias.
– Você – sibilou uma.
– Tem – continuou outra.
– Noção – a terceira e mais feia disse e depois tossiu.
– Do – a voz dela saía como um zunido, mas continuou.
– Que – disse a do meio.
– Disse? – a que tossiu finalizou.
Chloe bateu na buzina e as três tomaram um susto que se afastaram um pouco. Elas eram irritantes, do mesmo jeito que Austin tinha dito. Pensei em Austin, desesperado no corredor, que deveria estar na Base ainda, lutando contra Caronte. Ele podia ter vindo, foi um dos únicos que não tive nenhum problema ainda.
Mas suas irmãs estavam em nossa frente, seria o fim para ele e se ele tivesse vindo porque eu convidei, eu realmente não iria querer que uma pessoa morresse por minha causa.
– Como eu odeio vocês – Haro disse batendo a mão no vidro – Voltem para a sua constelação e nos deixem em paz, estamos indo salvar vocês. 
– Quem – a chefe começou.
– Disse – a do meio continuou.
– Que – a que tossia riu.
– Nós – continuou.
– Ligamos? – finalizou.
A mais feia e a que tossiu olhou para as duas irmãs incrédula. Chloe e Haro levaram a mão na boca e abriram a expressão de surpresa. Eu não estava entendendo o que estava acontecendo mais uma vez.
– Nós somos as guardas oficiais das vias de Venera, queiram vocês ou não, iremos inspecionar vocês, porque há um cheiro estranho nesse ônibus de vocês velho – a ultima irmã disse tudo de vez.
Saquei o tinha acontecido. A tradição era se comunicar deixando todas falarem ao mesmo tempo, porém a mais feia foi impedida de terminar na última frase.
As outras irmãs se entreolharam e olharam para a mais feia.
– Você sabe que não podemos falar mais de uma palavra! – a chefe gritou.
– Você está dizendo agora! – a mais feia rebateu.
– Cala a boca, Zeta! – a do meio retrucou.
– Quem você pensa que é, Delta? – Zeta gritou e partiu para cima de Delta que rolaram pelo ar por um momento. Um brilho enorme surgiu e nos abaixamos quando Chloe gritou “fechem os olhos”.
Estávamos vendo de camarote a briga das irmãs de Austin.
– Eu te odeio Epsilon! – gritava uma.
– Eu desejo que um buraco negro te engula e te leve para outra dimensão – era voz de Zeta.
– Você vai ser banida, assim como Austin foi! – Epsilon gritou.
– Orión que te abençoe, assim vou ficar longe de vocês duas – Zeta gritou.
Era a chance perfeita de fugirmos. Elas iriam inspecionar o ônibus e não podíamos nos atrasar, tínhamos de ir a Vênus e depois ir a Plutão resolver os problemas, e esse encontro com as Três Marias atrapalharia tudo. Chloe estava com o rosto abaixado sentada na cadeira. Essa era a nossa vez.
– Chloe, acelera! – murmurei.
E ela ouviu e pisou no acelerador.
O ônibus começou a andar e ouvi gritos vindos das Três Marias. Mas elas brigavam tanto entre si que nem perceberam que estávamos fugindo.
Olhei para trás e vi as três discutindo e presumi que tinham se esquecido de nós. Sentei no banco e respirei fundo.
– Podíamos estar mortos neste exato momento – lembrou Haro.
– Elas são tão poderosas assim? – perguntei.
– Nunca olhe para uma estrela se ela se transformar na real forma, como Z quase fez – ele não disse o nome da irmã, não entendi o porquê, mas continuei ouvindo – Você como humano, seria reduzido a pó.
Chloe acelerava e vi que estávamos trezentos e quinze quilômetros por hora, uma velocidade bem acessível para um ônibus escolar espacial. Voamos por dez minutos e Chloe começou a contar histórias de quando ela era uma Lua sozinha e era independente. Comecei a notar que havia acontecido algo muito ruim entre Chloe e Sky, mas também achei que agora não era a hora de perguntar isso.
Chloe era estressada, temperamento ruim, como a maioria dos terrestres. Eu não suspeitaria se algum dia Chloe me dissesse que já tinha vindo da Terra, eu não duvidaria.
– Mas foi por isso que Austin não veio? – perguntei quebrando o silêncio – Passamos por elas sem dificuldade.
– Austin não é só vigiado e caçado por suas irmãs, mas sim pela constelação toda. Ele só não sabe disso – Chloe explicou – Nenhuma estrela em milênios tomou outro rumo como ele fez. Nenhuma.
O “nenhuma” que Chloe disse ficou fixado em minha mente. Nenhuma estrela tinha fugido como Austin tinha feito, mas agora que tinha conhecido suas irmãs, tentei mira bolar um motivo.
– Seu pai, Orión, está furioso – continuou Chloe – até hoje caça ele pelo universo a fora, mas Sky e eu estamos protegendo-o como se fosse da nossa família, porque além de tudo, ele é uma ótima pessoa.
– É... – concordei e pensei em como Austin estaria no momento, encurralado de vários lados, seu pai o caçando, suas irmãs o procurando e a Base sendo atacada.
– E o pior de tudo, elas por aqui na via comum, muito estranho... – disse Haro.
­– Verdade – concordou Chloe.
– O que é estranho? – questionei.
– Aqui não é o local delas mesmo, eu sinto que o está tudo se reorganizando, tudo está mudando de local, nada está sendo mais o que era – ele disse.

Faltavam somente alguns minutos para chegar à superfície de Vênus quando um meteoro bateu na traseira de nosso ônibus. Eu tinha ido dormir e acordei sendo jogado para fora do banco. O ônibus não rodopiou e nem nada, somente continuou sendo acelerado cada vez mais.
Embaixo de nós, estava Vênus. Tinha cor de areia, mas semicerrando os olhos, percebi que havia uma metrópole e muito movimento.
Sim, havia vida em Vênus.
– Por Netuno, não consigo desviar desses meteoros e nem frear – reclamou Chloe.
Passamos pela órbita de Vênus em segundos, e havia um gigante em nossa frente. Um planeta gigante. E íamos bater também em questão de segundos.
– PARA ISSO! – berrou Haro!
– Não dá! – replicou Chloe – Vamos ter que pousar em Mercúrio de emergência, talvez meu tio me ajude ao menos.
Levantei e fui olhar o que estava por vir. Tinha uma cor estranha, quase parecida com de Vênus, mas granulava. Atrás dele se escondia uma grande bola de fogo enorme, o Sol. Estávamos próximos, pousaríamos em Mercúrio, voltaríamos à Vênus e depois resolveríamos o problema de Plutão. Fácil, Fácil.
– Na Caloris, Chloe! – gritou Haro.
Vi um grande buraco na superfície de Mercúrio. Dentro, havia uma base parecida com a da Lua e algumas pessoas já estavam do lado de fora.
– São eles! Estamos salvos! – anunciou Chloe.
Estávamos nos aproximando quando sentimos mais um solavanco, ouvimos um grito estranho, e ao olhar para trás, vi metade do nosso ônibus sendo arrancado por um meteoro gigante cristalino. O ônibus perdeu o equilíbrio no ar e rodopiamos.
A pulseira, lembrei.
Toquei na pulseira e clamei por ajuda. Nada aconteceu. Nem uma reconstituição do ônibus, nem o tempo parando novamente, nada.
O ônibus aterrissou na cratera de Mercúrio com a maior violência de todas. Fomos jogados para frente rachando o vidro frontal, que em um segundo explodiu em pedaços, o ônibus rodopiou por um momento e voltou a acelerar involuntariamente subindo alguns metros. Minha cabeça girou tão rápido que perdi os sentidos por um momento. O ônibus bateu no chão novamente e girou rodando e batendo em várias rochas e quebrando os vidros laterais. Tentei colocar a mão em algum lugar fixo, mas era impossível.
Quando o ônibus finalmente parou, fiquei esticado no chão, esperando algo acontecer. Tinha visto uma base, teríamos ajuda. Senti o cheiro metálico de sangue. Eu estava sangrando.
– Pedro? – ouvi a voz de Haro – Peter?
Eu não conseguia responder, algo me impedia.
– Pedro! – a voz de Chloe soou muito longe.
A porta do ônibus abriu e homens com máscaras pretas e roupas azuis escuras apareceram com armas transparentes.
– Que maravilha, o imperador vai ficar muito feliz em saber que eles se renderam tão fácil – a voz de um ecoou em meu ouvido.

E fechei os olhos. 

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